O da guerra. Cartoon de 24/11/2024 em CTXT
Tradução da banda desenhada: "Bah! Essa coisa da guerra é outro continente.
Se há uma coisa em que somos bons, porque a aperfeiçoámos ao longo dos anos, é a matarmo-nos uns aos outros. Também conseguimos criar mais e melhores dispositivos para levar a morte e a destruição a todos os cantos do planeta.
Uma rotina quase diária é rever o que se diz sobre as diferentes "guerras" (como sabem, a Palestina é muitas coisas, mas não é uma guerra). Esta semana, à lista, que inclui tantas outras guerras ditas"esquecidas", juntou-se uma outra que também não é nova, a da Síria.
Síria
Alepo, a segunda maior cidade da Síria, foi palco de um recrudescimento significativo do conflito sírio. Grupos daquilo a que os meios de comunicação social chamam "rebeldes", liderados por um antigo ramo da Al Qaeda, lançaram uma ofensiva rápida e enérgica, conseguindo tomar o controlo de uma grande parte da cidade. Neste momento, já se fala que Bashar al-Assad perdeu o controlo total de Alepo.
Os principais grupos que entraram em Alepo são liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), uma organização islamista com ligações históricas à Al-Qaeda.
Em quatro dias, mais de 300 pessoas foram mortas nos intensos combates e, para variar, milhares de civis sofreram as consequências. A Turquia (que pretende livrar-se de milhares de refugiados sírios) e o Irão concordaram em retomar o diálogo entre as partes para tentar travar esta nova escalada. Entretanto, milícias xiitas do Iraque entraram na Síria para reforçar o exército de al-Assad. Este é apenas mais um capítulo de um conflito que assola a Síria desde 2011.
Cessar-fogo no Líbano
O cessar-fogo no Líbano começou às 4 horas da manhã do dia 27 de novembro. Foi negociado pela França e pelos Estados Unidos após 14 meses de combates entre Israel e o Hezbollah. Este acordo está estruturado em três fases: uma trégua inicial para pôr termo aos combates, a retirada do Hezbollah a norte do rio Litani e a estabilização da zona com o apoio de garantes internacionais.
O acordo, com uma duração inicial de 60 dias, tem por objetivo permitir o regresso de cerca de 900 000 pessoas deslocadas às suas casas no sul do Líbano e em Beirute. Embora seja um alívio para milhões de pessoas, a sua fragilidade é evidente devido às tensões latentes e às dúvidas sobre a sua aplicação efectiva. Apenas dois dias após o início da trégua, Israel e o Líbano já se acusaram mutuamente de a terem violado.
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Ucrânia
O exército ucraniano utilizou pela primeira vez mísseis ATACMS de longo alcance dos EUA contra alvos na Rússia. Joe Biden autorizou a sua utilização porque é o principal fornecedor de pepinos para qualquer guerra. Estes mísseis voam a velocidades supersónicas e podem atingir pontos até 300 km de distância, com uma ogiva contendo 227 quilos de explosivos ou munições de fragmentação que se abrem sobre o alvo e dispersam centenas de minibombas numa vasta área.
A Rússia também não perdeu tempo e atacou pela primeira vez com o "Oreshnik", um míssil balístico hipersónico que se diz ser quase impossível de intercetar e capaz de viajar a uma velocidade de 2,5 a três quilómetros por segundo para atingir pontos até 5500 km de distância.
Sudão
O Sudão está a viver um dos piores momentos de violência desde o início da guerra civil, em abril de 2023. Uma das últimas estimativas aponta para mais de 61 000 mortos, o que triplica os números inicialmente avançados pela ONU. Os combates prosseguem entre as Forças Armadas Sudanesas (FAE) e as Forças de Apoio Rápido (FAR), especialmente em Cartum e no Darfur, provocando uma crise humanitária maciça. A situação provocou a deslocação de milhões de pessoas, tornando-a uma das piores crises globais de refugiados do mundo.
A guerra começou em 15 de abril de 2023, após o aumento das tensões entre as SAF, lideradas pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as FAR, lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo. Os dois grupos, inicialmente aliados no golpe de Estado de 2021, entraram em conflito pelo controlo político e militar do país. As FAR lançaram ataques em Cartum e noutras regiões, marcando o início de confrontos armados que rapidamente se espalharam por todo o país e agravaram ainda mais os problemas de pobreza e de acesso aos serviços básicos.
Feliz 2024. Cartoon de 31/12/2023 em CTXT
Já se sabia que 2024 ia ser um ano de guerra, 2023 já fechou com chave de ouro. Tenho medo de pensar no que o novo ano trará.